segunda-feira, 13 de junho de 2016

Feminismo, te conto em primeira pessoa.



Pensei muito antes de escrever este texto. Meu receio é de que eu desse margem a mais uma distorção sobre o que é o feminismo. Sem sombra de dúvidas, ser feminista significa fazer parte de um projeto coletivo. Mas também é um relato pessoal. Uma experiência vivida. Diga-se de passagem ele se explica todos os dias.

Como militantes somos , constantemente, questionadas que o feminismo pode se transformar numa espécie de política auto-ajuda. Pela perspectiva heteronormativa e masculina, qualquer entrada em algo próximo ao subjetivo é , por assim dizer, "perfumaria". Irrelevante aos temas de fato relevantes à transformação social.

Por óbvio, discordo disso. E, por assim ser, conto o feminismo também em primeira pessoa. Longe de estimular o egoísmo. Mas no mundo em que nos relegam ser o segundo sexo, ler o mundo a partir de si é um ato revolucionário.

Outro dia escutei uma amiga dizer: "falo do que é ser mãe, do que sinto pelo meu companheiro, de tantas outras coisas, mas é como se eu nunca falasse de mim."

Não faz nenhum sentido? Busca na memória as principais lideranças políticas . Quais vem a sua mente primeiro? Busca na memória os principais autores de qualquer gênero literário. Quais vem a sua mente primeiro? Quem são os grandes heróis da história? Quem somos nós ( mulheres) no mundo? Só existo para viver um "grande amor" e ter "filhos"? Só me realizo no outro? Desde meninas o nosso eu está condicionado a outro eu (no masculino).

Exagero em dizer que toda mulher sabe o sentido das palavras " dependência emocional"? E todo homem sabe o sentido da palavra "posse"? Essas perguntas  também cabem às relações homoafetivas, pois quando me refiro a mulheres e homens, considero papéis sociais distintos.

Posso concluir deixando apenas perguntas. Pois, assim como eu, qualquer mulher sabe o que é ser mulher. Embora, possa não concordar. Sentimos todo o dia o que é ser. Não nascemos mulher, nos tornamos. Sabemos de alguma forma que o político é pessoal e o pessoal é político. Confluente assim. É por isso que me conto em primeira pessoa. Me coloco diante do mundo. E me conto como uma feminista.

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